A canelite, clinicamente conhecida como periostite (inflamação da camada que recobre o osso) ou síndrome do estresse medial da tíbia, ocorre quando há dor induzida pelo exercício na região de dentro (medial) da perna (tíbia).
Essa dor ocorre devido ao esforço repetitivo na região e acomete, em média, 16% de todos os corredores, mas também podem acometer dançarinos, jogadores de futebol, ciclistas e etc.
A canelite não deve ser negligenciada, pois, caso não receba o devido tratamento, pode evoluir uma fratura por estresse dos ossos da perna.
Neste texto vamos falar um pouco mais sobre esta lesão!
Existem três principais teorias para a ocorrência desta síndrome:
Inflamação da fáscia
A fáscia é o tecido de revestimento de diversas estruturas do corpo, como por exemplo, dos músculos.
O esforço exacerbado ou a falta de descanso adequado pode gerar uma inflamação destas estruturas, provocando a dor.
Diminuição da densidade mineral dos ossos devido a sobrecarga mecânica
A densidade mineral óssea ocorre devido um processo de formação e reabsorção do tecido ósseo.
A reabsorção causa a deterioração do tecido e a formação reconstrói e fortalece o tecido deteriorado.
Alguns fatores podem afetar esse processo, como a sobrecarga mecânica, osteoporose, tabagismo, falta de cálcio de vitamina D, problemas de tireoide, dentre outros.
Quando isso ocorre, o paciente fica com os ossos mais fragilizados, o que o torna um forte candidato a sofrer com a canelite e outros problemas ósseos.
Disfunção do mecanismo de reparo ósseo, onde há microfraturas sem o reparo adequado do osso na região de dor
Nossos ossos têm capacidade de regeneração frente às lesões que venham a sofrer.
Para isso, algumas condições são importantes, como o tempo de repouso suficiente, bem como um aporte adequado de substâncias, como o cálcio e a vitamina D.
Caso o paciente ofereça uma sobrecarga constante nos ossos, eles podem sofrer fraturas microscópicas.
Essas fraturas podem não cicatrizar devido a uma possível disfunção no mecanismo de reparo dos ossos do paciente ou caso ele submeta a região a novas cargas em um curto espaço de tempo.
Inclusive, essas microfraturas não cicatrizadas podem vir a gerar uma quebra do osso em nível macroscópico.
Além disso, alguns fatores que podem desencadear o desenvolvimento da canelite são:
O principal sintoma da canelite é a dor na canela.
Normalmente, ela causa dor no início da atividade física, que apresenta uma melhora quando o atleta está aquecido, mas volta a surgir após o exercício.
A dor pode ocorrer mesmo no repouso e ser muito incômoda quando o paciente coloca a perna no chão após descansar.
Além disso, essa síndrome pode causar edema (inchaço) e dor ao toque.
O diagnóstico da canelite inicia-se no consultório, quando buscamos compreender a história do paciente e as características da dor, além de fazermos um exame físico detalhado.
O exame de imagem ideal para diagnosticar esta lesão é a ressonância nuclear magnética, que nos mostra a periostite e o edema ósseo
Além disso, é importante afastar a possibilidade de outras lesões, como a fratura por estresse ou a síndrome compartimental crônica. Então, podemos solicitar também outros exames, como radiografia simples e ressonância magnética com stress de atividade física.
O tratamento da "canelite" pode incluir retreinamento de como andar e correr, repouso, crioterapia (gelo), alongamento ,programas de treino graduais para corrida, órteses e infiltrações.
Inicialmente, nos casos de atletas não profissionais, realizar a troca da prática da atividade física no primeiro momento. Trocar atividades de impacto como corrida, natação, elíptico, ciclismo e etc. Essa fase tem o objetivo de diminuir a dor intensa que impede a prática da atividade.
Após podemos iniciar o retorno gradativo das atividades de impacto, ao qual há a regra de aumento de treino de 10% por semana. Para isso é necessário orientação do profissional de educação física.
Durante essas duas etapas o atleta deverá tomar medicações para controle de dor e iniciar um programa de fortalecimento e alongamento sob supervisão de um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional.
O acompanhamento multidisciplinar é vital no tratamento, pois caso uma das etapas seja realizada sem a devido orientação pode gerar agravamento da lesão e evoluir para uma fratura por stress
Outro ponto valioso é observar a técnica de corrida do paciente e, caso necessário, adequá-la de modo a obter um melhor gesto esportivo.
Para evitar a canelite é importante preparar o corpo para o exercício com fortalecimento e alongamento dos músculos da perna, bem como o CORE.A técnica adequada do gesto esportivo é fundamental.
Além disso, é essencial contar com o auxílio de um educador físico que irá acompanhar o atleta fazendo as devidas correções dos movimentos e adequações dos treinos.
O uso de tênis apropriado é também essencial. Além disso, é preciso estar atento à sua vida útil, bem como ter a quantidade ideal de calçados com base na frequência de treino semanal.
Temos um artigo que explica sobre o uso adequado do tênis e você poderá ler mais sobre o assunto
clicando aqui.
Como vimos, a canelite é uma condição que gera dor e afeta o desempenho do atleta, bem como seu bem-estar.
Além disso, é uma lesão que, se não for devidamente tratada, poderá evoluir para quadros mais graves.
Por isso, não postergue a ida ao
médico ortopedista caso esteja sentindo incômodos na canela durante e após os treinos.
Cuide da sua saúde em primeiro lugar!
Faça as pazes com seu pé!
Dr. Ivan acredita que atuar de forma profissional e estabelecer uma boa relação com o paciente são condições essenciais para promover um ambiente humano e favorável à melhoria das condições de saúde. Dedica-se com muito cuidado a realização de diagnósticos de modo a fazer a indicação adequada dos procedimentos necessários.
DR. IVAN GIAROLA
Médico Cirurgião, Ortopedista e Traumatologista Especialista em Pé e Tornozelo Formado pela USP.
CLÍNICA ATLAS
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